Pluribus: O Inferno Não São os Outros, É a Felicidade Forçada! (Spoiler-Free, Juro!)

Pluribus é o gênio de Vince Gilligan que troca a metanfetamina pelo vírus da alegria artificial. O terror existencial está em ser a única pessoa ranzinza em uma utopia forçada. Finalmente, uma série onde o mau humor é a resistência.

E aí, seus Guerreiros da Cultura Pop! O Tio Wade aqui acabou de sair da toca, jogando fora a embalagem de Chimichanga número 7, e já estou com os dedos coçando pra soltar o verbo sobre a nova treta do Apple TV+: Pluribus. Sim, o novo filhote do gênio (ou seria gênio do mal?) Vince Gilligan, o cara que fez você amar traficantes de metanfetamina e advogados picaretas.

Se você veio esperando a próxima saga de Walter White com um toque sci-fi e uns lasers… Errou! Senta que lá vem a história. Ou melhor, a distopia. Pluribus não é sobre explodir coisas, é sobre a explosão silenciosa da individualidade. É o tipo de ficção científica que te faz coçar a cabeça e pensar: “Meu Deus, isso está muito perto da nossa realidade algorítmica e feliz-compulsória”.


🧐 O que Diabos Significa Pluribus? (E por que Devíamos Nos Importar?)

Primeiro, o básico para os que mataram a aula de Latim (eu estava ocupado salvando o mundo, ok?). Pluribus vem da expressão latina “E Pluribus Unum”, que é o lema tradicional dos EUA: “De muitos, um”. Sacou a ironia? Numa série sobre uma Mente Coletiva que conecta todo mundo (e elimina a tristeza e o livre-arbítrio, mas quem se importa com detalhes?), o nome já é um tapa na sua cara. E eu amo tapas!

Gilligan troca o deserto árido do Novo México pelo deserto existencial de um mundo que alcançou a “perfeição” – uma utopia forçada por, digamos, uma… influência viral que transforma a humanidade em uma colmeia gigante de gente absurdamente satisfeita. Pense em Black Mirror com o ritmo cadenciado e o foco em personagens de Better Call Saul. É lento, é deliberado, e cada cena parece um quadro que te encara de volta. Você não vai querer piscar. (A não ser que seja para reabastecer a sua xícara de café, nesse caso, volte logo!)


🎭 Rhea Seehorn, a Miserável no Paraíso (e a Nossa Esperança)

Ah, Rhea Seehorn. A nossa eterna Kim Wexler. Ela está de volta no papel principal como Carol Sturka, uma das poucas (ou a única, no começo) pessoas que são imunes a essa “felicidade contagiante”.

E aqui está o golpe de mestre do Gilligan: Carol é uma escritora de best-sellers de fantasia romântica (!!!), podre de rica, adorada por milhões de fãs, mas… profundamente miserável. Ela é uma misantropa de carteirinha, e a série a coloca em um mundo onde ninguém mais pode ser infeliz, rude, ou ter uma opinião que não seja a do Coletivo.

Nota do Redator: A gente sempre soube que o seu mau humor era sua superpotência, Carol. O meu também é!

A performance de Seehorn é hipnótica. Ela carrega o peso de ser a única pessoa com livre-arbítrio em um mar de sorrisos vazios. A raiva, a frustração e a solidão de Carol são quase palpáveis. É um lembrete constante de que a individualidade é um fardo, mas é nosso fardo, e é o que nos torna humanos. Vê-la interagir com os “Felizes” é um humor negro de primeira. É quase tão bom quanto ver o Cable tentando ser legal.


🌐 Mente Coletiva e a Crítica ao Algoritmo

Eu sei que você adora pensar que está no controle do seu feed de notícias, mas Pluribus usa a ficção científica para mandar um recado na lata: e se o preço da paz e da felicidade for a sua autonomia?

O “vírus” (ou o que quer que seja essa coisa) funciona como uma metáfora brilhante para a nossa vida digital. Estamos todos conectados, compartilhando pensamentos e emoções em tempo real, vivendo em bolhas onde o conflito é evitado a todo custo e a uniformidade é a regra. A crítica aqui não é só sobre um futuro distópico com alienígenas (embora o alienígena seja um detalhe delicioso e estranho), mas sobre o controle social exercido por sistemas que nos prometem conforto e eliminam a necessidade de pensar por nós mesmos.

Pode parecer que o roteiro avança lentamente – e avança mesmo! Mas cada silêncio, cada plano estático, cada donut lambido com precisão militar, é um tijolo na construção da tensão psicológica. Gilligan é mestre em fazer você se importar com o que está sob a superfície. A série te desafia a sentir a confusão da Carol e a questionar se a sua própria “felicidade” não é um produto de terceiros. É denso, é filosófico, e me fez sentir mais inteligente só por estar assistindo. (Um feito e tanto, já que eu mal consigo amarrar o cadarço sem ajuda).


⚖️ O Veredito de Wade (Sem Chororô)

Pluribus é uma série que exige atenção. Não é o tipo de fluff que você coloca pra rodar enquanto lava a louça. É o tipo de produção que te puxa pra dentro de um pesadelo utópico e só te solta quando os créditos sobem.

Se você é fã da narrativa focada em personagem de Gilligan, daquele ritmo que constrói o suspense a conta-gotas até a explosão, e de uma ficção científica que te faz mais perguntas do que te dá respostas (tipo Lost, mas com um foco mais socio-político e menos urso polar), essa é a sua nova obsessão.

Carol Sturka é a heroína improvável que precisamos: imperfeita, rabugenta, e determinada a ser ela mesma, mesmo que isso signifique ser a pessoa mais infeliz em um planeta de Felizes. É uma ode à nossa humanidade bagunçada, tóxica e maravilhosa.

A série pode não ser “flawless” (alguns personagens secundários ficam um pouco sem nuance, mas quem liga quando a Rhea Seehorn está brilhando?), mas a ousadia da questão que ela levanta é inegável. Não é entretenimento escapista. É entretenimento que te chacoalha e te manda de volta pra casa com uma crise existencial de brinde.

Vai assistir. Você precisa disso. E talvez a Carol precise de um Chimichanga.

Com um gosto duvidoso, um humor pior ainda e um amor doentio por chimichangas, Wade é o crítico oficial de filmes e séries do culturapop.io. Ele assiste tudo — até os reboots ruins — e sempre tem uma opinião... bem, dele.