Mr. Robot: Quando a paranoia hacker encontra a alma geek (e explode nossas cabeças)

E aí, seus nerds e entusiastas do byte! Wade Wilson, vulgo seu crítico favorito (e o único que sobrou depois da última convenção de cosplay zumbi), na área pra falar de uma pérola que brilhou na TV e que, se você piscou, talvez tenha perdido a magnitude dela: Mr. Robot.

Deixem de lado por um instante os seus sabres de luz e os debates infinitos sobre qual console é superior. Hoje, a nossa conversa é sobre códigos, exploits, a queda do capitalismo e um protagonista com mais problemas existenciais que eu tentando entender a cronologia dos X-Men. Sim, meus caros, vamos mergulhar de cabeça no universo fascinante e perturbador de “Mr. Robot”.

Pra quem vive em uma bolha de realidade alternativa onde a única invasão que importa é a da sua privacidade pelo algoritmo do Instagram (e acredite, essa também é barra pesada), “Mr. Robot” conta a história de Elliot Alderson (Rami Malek, entregando uma atuação que merecia uns dez Emmys), um jovem engenheiro de segurança cibernética que também é um hacker justiceiro nas horas vagas (e nas não tão vagas assim). Elliot sofre de ansiedade social, depressão e uma série de outros “mimos” psicológicos que o tornam tão complexo quanto um código-fonte mal documentado.

A trama se desenrola quando Elliot é recrutado por um misterioso grupo de hacktivistas chamado fsociety, liderado pelo enigmático Mr. Robot (Christian Slater, em um papel que revitalizou sua carreira de forma épica). O objetivo? Nada modesto: derrubar a E Corp, uma megacorporação global que controla praticamente tudo e todos (soa familiar?).

Por que “Mr. Robot” fala tanto com a gente, a galera geek?

Ah, meus amigos, a lista é longa e deliciosa como uma maratona de “Star Wars” com pizza e refri.

1. A representação da cultura hacker é FODA (com perdão da ênfase): Esqueçam aquelas cenas de Hollywood com interfaces coloridas piscando aleatoriamente e um “hackeamento” que leva cinco segundos. “Mr. Robot” se esforça (e consegue!) em apresentar o mundo da segurança cibernética de forma incrivelmente realista. Os códigos mostrados na tela são, em sua maioria, plausíveis. As técnicas de invasão são fundamentadas em práticas reais. Isso, para nós que entendemos um pouquinho desse universo, é um deleite. Finalmente, uma série que não nos faz revirar os olhos a cada “ataque cibernético”.

2. A crítica social ácida e relevante: Por baixo de todo o código e das máscaras da fsociety, pulsa uma crítica ferrenha ao sistema capitalista, à desigualdade social, ao poder das grandes corporações e à alienação da sociedade moderna. Esses são temas que, muitas vezes, ressoam com a nossa visão de mundo, com a nossa percepção de que “o sistema” nem sempre joga limpo. A luta de Elliot e do fsociety contra a E Corp é, em sua essência, uma luta contra Golias, algo que sempre cativou o imaginário geek (vide Luke Skywalker vs. o Império).

3. Personagens complexos e multifacetados: Elliot não é o herói tradicional. Ele é falho, problemático, um narrador não confiável (e como não!), e suas lutas internas são tão importantes quanto a revolução que ele tenta iniciar. Os outros personagens também são ricamente desenvolvidos, com motivações complexas e arcos narrativos que nos prendem do início ao fim. Darlene, Angela, Tyrell Wellick (que personagem!), todos eles contribuem para a tapeçaria intrincada que é “Mr. Robot”.

4. A estética cyberpunk e a atmosfera de paranoia: A série bebe muito da estética cyberpunk, com suas cidades sombrias, a tecnologia onipresente e a sensação constante de que estamos sendo vigiados. A atmosfera de paranoia, alimentada pelas próprias neuroses de Elliot e pelas conspirações que se revelam, nos mantém na ponta da cadeira, questionando a realidade a cada episódio. Quem nunca se sentiu assim navegando pela internet?

5. As reviravoltas que te fazem gritar com a tela: Preparem seus corações (e talvez um calmante), porque “Mr. Robot” adora brincar com a nossa percepção da realidade. As reviravoltas são constantes e, muitas vezes, chocantes, nos fazendo repensar tudo o que acreditávamos saber. É o tipo de série que te obriga a voltar e assistir tudo de novo, procurando por pistas que você deixou passar.

O legado de Mr. Robot no mundo geek:

“Mr. Robot” não é apenas uma série de televisão; é um fenômeno cultural que deixou uma marca indelével no mundo geek. Ela elevou o nível da representação da cultura hacker na mídia, inspirou debates sobre questões sociais importantes e nos apresentou personagens inesquecíveis. Mais do que isso, ela nos fez sentir validados em nossas desconfianças sobre o mundo digital e o poder das corporações.

Se você, por algum acaso cósmico, ainda não assistiu “Mr. Robot”, largue o que estiver fazendo (depois de ler este artigo, claro) e vá dar uma chance para essa obra-prima da televisão. Prepare-se para ter sua mente hackeada de maneiras que você nem imaginava. E depois não diga que o tio Wade não avisou!

Com um gosto duvidoso, um humor pior ainda e um amor doentio por chimichangas, Wade é o crítico oficial de filmes e séries do culturapop.io. Ele assiste tudo — até os reboots ruins — e sempre tem uma opinião... bem, dele.